sábado, 6 de junho de 2009

Quase no fim ...


Pois é, estamos quase no fim do ano. Lectivo,claro.
É curiosa esta nossa necessidade de olhar para a passagem do tempo com dois princípios e dois fins. Chego a pensar que este final do ano tem mais implicações que o de Dezembro.
Em Dezembro acaba o Ano, mas Janeiro é só um recomeço. As caras que vemos são as mesmas e o trabalho é um retomar do que vinha sendo feito.
Este Fim é mesmo fim. Quando regressarmos, o ritmo é diferente, o horário muda, as caras que vemos à nossa frente são diferentes. Mesmo quando há continuidade, eles cresceram, são outros.

Este foi um ano difícil! Todos o sentimos na pele e não sabemos ainda como vai ser toda a dimensão do estrago. A verdade é que estamos cansados. E não é um cansaço bom, com o gosto bom da tarefa cumprida. Tem um sabor amargo este final de ano. Sabe a humilhação, sabe a raiva, sabe a angústia, sabe a luta.

Apesar de tudo, uma realidade boa se revelou - ainda somos capazes de revolta. Não estamos completamente alienados, ainda sabemos dizer não. E, mais que tudo, fomos capazes de nos manter unidos quando nos queriam dividir, descobrimos a amizade quando queriam que nos odiássemos.

Desta parte gostei! Gostei que as palavras saíssem de nós para construir mais pontes, quando nos estavam a derrubar as estradas.
Só por isso, já valeu a pena. Com amigos, nós somos capazes de ir da terra ao céu.

Mais uma vez, recorro aos poetas. Eles que fazem das palavras puro cristal...

Amigo

Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra «amigo».

«Amigo» é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!

«Amigo» (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
«Amigo» é o contrário de inimigo!

«Amigo» é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada.

«Amigo» é a solidão derrotada!

«Amigo» é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
«Amigo» vai ser, é já uma grande festa!

Alexandre O'Neill, in 'No Reino da Dinamarca'

P.S. Este poema do O'Neill é para esses amigos com quem tenho vindo a percorrer estes caminhos armadilhados.

2 comentários:

Tereza Ferraz disse...

Belo amiga!
Tereza Ferraz

Anónimo disse...

Passei para dar uma lida. Muito bom.