sábado, 29 de novembro de 2008

Quase nada

Nem de propósito, encontrei esta canção de Zeca Baleiro homónima do meu Blogue.
Atentei na letra e vi como também se aplica a este mundo virtual:"De você, sei quase nada..." É mesmo isso que acontece por aqui, nesta semana em que reflectimos sobre as redes sociais virtuais, deus defeitos e virtudes.
Vale a pena ouvir.

A paz - Oswaldo Montenegro

A Paz é um bom tema. De todas as maneiras e feitios, gritando ou em siLêncio interior, deixemos que a Paz tome conta de nós.
Partilho convosco mais esta bela canção de Oswaldo Montenegro num vídeo bem conseguido que encontrei no YouTube.
E desejo-vos Paz!

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Manifesto Anti-Dantas

Outro talento que nos deixou cedo demais. Mário Viegas, sempre magnífico, com o sempre actual Manifesto Anti-Dantas de Almada Negreiros.
Mais uma pérola!

João Villaret :: Cântico Negro :: José Régio

Sabe tão bem ouvir um poema dito com o corpo todo!
João Vilaret recuperado pelas novas tecnologias. Sorte a nossa que alguém se lembrou de o fazer ouvir no YouTube.

PodCast




Esta é uma outra ferramenta que pode ser usada pela BE ou em aula ou para estudar em casa ou...

Visitem o podomatic para conhecerem outras lições.

Quanto a mim, ainda não estou completamente seduzida.

domingo, 23 de novembro de 2008

Quando ouvimos os outros...

Veio ter comigo este belo texto de Rubem Alves.
É um bocadinho longo, mas vale a pena ler e chegar ao fim.
Partilho-o convosco, desejando-vos boa semana.


Escutatória
por Rubem Alves


Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória.
Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir.
Pensei em oferecer um curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular.
Escutar é complicado e subtil.
Diz o Alberto Caeiro que "não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma". Filosofia é um monte de ideias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Aí a gente que não é cego abre os olhos. Diante de nós, fora da cabeça, nos campos e matas, estão as árvores e as flores. Ver é colocar dentro da cabeça aquilo que existe fora. O cego não vê porque as janelas dele estão fechadas. O que está fora não consegue entrar. A gente não é cega. As árvores e as flores entram. Mas - coitadinhas delas - entram e caem num mar de ideias. São misturadas nas palavras da filosofia que mora em nós. Perdem a sua simplicidade de existir. Ficam outras coisas. Então, o que vemos não são as árvores e as flores. Para se ver é preciso que a cabeça esteja vazia.
Parafraseio o Alberto Caeiro: "Não é bastante ter ouvidos para se ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio dentro da alma". Daí a dificuldade: a gente não aguenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor. No fundo somos todos iguais às duas mulheres do ônibus. Certo estava Lichtenberg - citado por Murilo Mendes: "Há quem não ouça até que lhe cortem as orelhas". Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e subtil da nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos...
Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos, estimulado pela revolução de 64. Pastor protestante (não "evangélico"), foi trabalhar num programa educacional da Igreja Presbiteriana USA, voltado para minorias. Contou-me de sua experiência com os índios. As reuniões são estranhas. Reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio. (Os pianistas, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio, como se estivessem orando. Não rezando. Reza é falatório para não ouvir. Orando. Abrindo vazios de silêncio. Expulsando todas as ideias estranhas. Também para se tocar piano é preciso não ter filosofia nenhuma). Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio. Falar logo em seguida seria um grande desrespeito. Pois o outro falou os seus pensamentos, pensamentos que julgava essenciais.
Sendo dele, os pensamentos não são meus. São-me estranhos. Comida que é preciso digerir. Digerir leva tempo. É preciso tempo para entender o que o outro falou. Se falo logo a seguir são duas as possibilidades. Primeira: "Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você falava eu pensava nas coisas que eu iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado". Segunda: "Ouvi o que você falou. Mas isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou". Em ambos os casos estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada. O longo silêncio quer dizer: "Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou". E assim vai a reunião.
Há grupos religiosos cuja liturgia consiste de silêncio. Faz alguns anos, passei uma semana num mosteiro na Suíça, Grand Champs. Eu e algumas outras pessoas ali estávamos para, juntos, escrever um livro. Era uma antiga fazenda. Velhas construções, não me esqueço da água no chafariz onde as pombas vinham beber. Havia uma disciplina de silêncio, não total, mas de uma fala mínima. O que me deu enorme prazer às refeições. Não tinha a obrigação de manter uma conversa com meus vizinhos de mesa. Podia comer pensando na comida. Também para comer é preciso não ter filosofia. Não ter obrigação de falar é uma felicidade. Mas logo fui informado de que parte da disciplina do mosteiro era participar da liturgia três vezes por dia: às 7 da manhã, ao meio-dia e às 6 da tarde. Estremeci de medo. Mas obedeci. O lugar sagrado era um velho celeiro, todo de madeira, teto muito alto. Escuro. Haviam aberto buracos na madeira, ali colocando vidros de várias cores. Era uma atmosfera de luz mortiça, iluminado por algumas velas sobre o altar, uma mesa simples com um ícone oriental de Cristo. Uns poucos bancos arranjados em U definiam um amplo espaço vazio, no centro, onde quem quisesse podia se assentar numa almofada, sobre um tapete. Cheguei alguns minutos antes da hora marcada. Era um grande silêncio. Muito frio, nuvens escuras cobriam o céu e corriam, levadas por um vento impetuoso que descia dos Alpes. A força do vento era tanta que o velho celeiro torcia e rangia, como se fosse um navio de madeira num mar agitado. O vento batia nas macieiras nuas do pomar e o barulho era como o de ondas que se quebram. Estranhei. Os suíços são sempre pontuais. A liturgia não começava. E ninguém tomava providências. Todos continuavam do mesmo jeito, sem nada fazer. Ninguém que se levantasse para dizer: Meus irmãos, vamos cantar o hino... Cinco minutos, dez, quinze. Só depois de vinte minutos é que eu, estúpido, percebi que tudo já se iniciara vinte minutos antes. As pessoas estavam lá para se alimentar de silêncio. E eu comecei a me alimentar de silêncio também. Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia. Eu comecei a ouvir.
Fernando Pessoa conhecia a experiência, e se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras, no lugar onde não há palavras.
E música, melodia que não havia e que quando ouvida nos faz chorar.
A música acontece no silêncio.
É preciso que todos os ruídos cessem.
No silêncio, abrem-se as portas de um mundo encantado que mora em nós - como no poema de Mallarmé, A catedral submersa, que Debussy musicou.
A alma é uma catedral submersa.
No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada.
Somos todos olhos e ouvidos.
Me veio agora a ideia de que, talvez, essa seja a essência da experiência religiosa - quando ficamos mudos, sem fala.
Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia, que de tão linda nos faz chorar.
Para mim, Deus é isto: a beleza que se ouve no silêncio.
Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também.
Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto.
Desiderata

Caminha sereno por entre o ruído e a pressa e pensa na paz que se pode encontrar no silêncio.
Enquanto te for possível e sem te renderes, mantém boas relações com todas as pessoas.

Anuncia a tua verdade de uma maneira serena e clara, e escuta os outros, incluindo o torpe e o ignorante; também eles têm a sua própria história.

Evita as pessoas ruidosas e agressivas que são um fastídio para o espírito.
Se te comparas com os demais, tornar-te-ás vão e amargo, pois sempre haverá pessoas maiores e mais pequenas que tu.

Aprende com as decepções da mesma maneira que com os êxitos e mantém o interesse pelo teu trabalho; por humilde que seja, é um verdadeiro tesouro na fortuita mudança dos tempos.

Sê cuidadoso nos teus negócios, pois o mundo está cheio de enganos, mas não deixes que isso te torne cego para a virtude que existe.
Há muitas pessoas que se esforçam por perseguir nobres ideais e, onde quer que vás, a vida está cheia de heroísmo.

Sê tu mesmo, em especial não finjas afecto e não sejas cínico no amor, pois no meio de toda a aridez e desenganos, ele é perene como a erva.

Acata docilmente o conselho dos anos e abandona com graciosidade as coisas da juventude.

Cultiva a firmeza de espírito, para que te proteja nas adversidades repentinas, não te angusties com imaginações; muitos temores nascem da fadiga e da solidão.

Sob uma sã disciplina, sê benigno contigo mesmo.
Tu és uma criatura do universo, tal como as plantas e as estrelas tens direito a existir! E quer o vejas claro ou não, indubitavelmente, o universo caminha como deve ser.

Por isso deves estar em paz com Deus, qualquer que seja a ideia que tenhas dele e, sejam quais forem as tuas tarefas e aspirações, conserva a paz com a tua alma na buliçosa confusão da vida.

Mesmo com todas as farsas, penalidades e sonhos falhados, o mundo continua maravilhoso.

Anima-te, e esforça-te por ser feliz!

terça-feira, 18 de novembro de 2008

José Afonso - Os Vampiros (ao vivo no Coliseu)

Vêm em bandos,pela noite calada (ou por mail)e se a gente se engana com seu ar sisudo e lhes franqueia as portas à chegada, eles comem tudo, e não deixam nada.
A DGRHE acabou de me convidar a apresentar os OIs!

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Trova do vento que passa ou como é possível resistir

Adriano sempre!Voz cristalina e branca a lembrar que é preciso resistir.
Há quem tenha memória curta, há quem queira que a gente esqueça.
Estamos atentos. "Há sempre alguém que diz não".
Os poetas é que sabem.


sábado, 8 de novembro de 2008

Gostei muito

do livro,quando o li, e do slide share que o José Vasconcelos postou no blogue.
Tomei de empréstimo.
Obrigada.

Direitos do leitor
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Procura-se Amigo

Procura Seamigo
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sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Slide Share

Semear a leitura
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Esta semana foi para me familiarizar com o Slide Share. Bem,começar a...
Seja como for, escolhi este que me parece dar boas pistas sobre o trabalho colaborativo entre a BE e o professor curricular.
Talvez haja melhores.Certamente.
Mas este está em português, tem a ver com o objectivo da formação e eu gostei.
Boas razões, para mim.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Para bom entendedor...

Se os tubarões fossem homens...

Se os tubarões fossem homens, eles seriam mais amáveis com os peixinhos? Certamente. Se os tubarões fossem homens, construiriam no mar grandes gaiolas para os peixes pequenos, com todo tipo de alimento, tanto animal quanto vegetal. Cuidariam para que as gaiolas tivessem sempre água fresca e tomariam toda espécie de medidas sanitárias. Se, por exemplo, um peixinho ferisse a barbatana, lhe fariam imediatamente um curativo, para que não morresse antes do tempo. Para que os peixinhos não ficassem melancólicos, haveria grandes festas aquáticas de vez em quando, pois os peixinhos alegres tem melhor sabor do que os
tristes.
Naturalmente haveria também escolas nas gaiolas. Nessas escolas os peixinhos aprenderiam como nadar para a goela dos tubarões. Precisariam saber geografia, por exemplo, para localizar os grandes tubarões que vagueiam descansadamente pelo mar. O mais importante seria, naturalmente, a formação moral dos peixinhos. Eles seriam informados de que nada existe de mais belo e mais sublime do que um peixinho que se sacrifica contente, e que todos deveriam crer nos tubarões, sobretudo quando dissessem que cuidam de sua felicidade futura. Os peixinhos saberiam que este futuro só estaria assegurado se estudassem docilmente. Acima de tudo, os peixinhos deveriam voltar toda inclinação baixa, materialista, egoísta e marxista, e avisar imediatamente os tubarões, se um deles mostrasse tais tendências.
Se os tubarões fossem homens, naturalmente fariam guerras entre si, para conquistar gaiolas e peixinhos estrangeiros. Nessas guerras eles fariam lutar os seus peixinhos, e lhes ensinariam que há uma enorme diferença entre eles e os peixinhos dos outros tubarões. Os peixinhos, iriam proclamar, são notoriamente mudos, mas silenciam em línguas diferentes, e por isso não podem se entender. Cada peixinho que na guerra matasse alguns outros, inimigos, que silenciam em outra língua, seria condecorado com uma pequena medalha de algas e receberia um título de herói.
Se os tubarões fossem homens, naturalmente haveria também arte entre eles. Haveria belos quadros, representando os dentes dos tubarões em cores soberbas, e suas goelas como jardim que se brinca deliciosamente. Os teatros do fundo do mar mostrariam valorosos peixinhos nadando com entusiasmo para as gargantas dos tubarões, e a música seria tão bela, que seus acordes todos os peixinhos, como orquestra na frente, sonhando, embalados, nos pensamentos mais doces, se precipitariam nas gargantas dos tubarões. Também não faltaria uma religião, se os tubarões fossem homens. Ela ensinaria que a verdadeira vida dos peixinhos começa apenas na barriga dos tubarões.
Além disso se os tubarões fossem homens também acabaria a idéia de que os peixinhos são iguais entre si. Alguns deles se tornariam funcionários e seriam colocados acima dos outros. Aqueles ligeiramente maiores poderiam inclusive comer os menores. Isso seria agradável para os tubarões, pois eles teriam com maior freqüência, bocados maiores para comer. E os peixinhos maiores detentores de cargos, cuidariam da ordem entre os peixinhos, tornando-se professores, oficiais, construtores de gaiolas, etc.
Em suma, haveria uma civilização no mar, se os tubarões fossem homens.”


BRECHT, Bertold. Histórias do Sr. Keuner.
São Paulo, Brasiliense, 1982. p. 54-6.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Não sei quantos seremos, mas que importa?!
Um só que fosse, e já valia a pena
Aqui, no mundo, alguém que se condena
A não ser conivente
Na farsa do presente
Posta em cena!

Não podemos mudar a hora da chegada,
Nem talvez a mais certa,
A da partida.
Mas podemos fazer a descoberta
Do que presta
E não presta
Nesta vida.

E o que não presta é isto, esta mentira
Quotidiana.
Esta comédia desumana
E triste,
Que cobre de soturna maldição
A própria indignação
Que lhe resiste.

Miguel Torga, Câmara Ardente

A Lígia, atenta, lembrou este poema de Torga.
Tanta verdade!

sábado, 1 de novembro de 2008

Oswaldo Montenegro - Quando Agente Ama (Legendado)

Gosto de coisas simples.
Gosto de boas letras.
Gosto de boas interpretações.
Gosto muito de Oswaldo Montenegro.
Tanto,que gosto de o partilhar

Uma parte da tarefa cumprida


Pois é,depois de muito desesperar (com a barra do diigo,que teima em desaparecer), muito teclar e pesquisar, creio que cumpri esta primeira parte da terefa. Constava de adicionar ao blogue uma "nuvem" de etiquetas sociais e uma lista de favoritos. Lá estão, à direita e ao fundo, para quem quiser espreitar.
Bem mais prazerosa para o olhar é esta magnífica pintura de sabor africano do nosso Neves e Sousa.
Deliciem-se!