segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Hoje,outra vez, o meu coração está de luto!


"Gostaria que a minha relação com o mistério da transcendência tivesse que ver com qualquer coisa que sinto em forma de promessa: um grande encantamento com a vida, com a morte, com todas as coisas dos reinos animal, vegetal e mineral, com os homens e as mulheres de todas as cores, com uma imensa alegria na voz e uma imensa ternura nos gestos do corpo, com o amor a substituir o monótono bater das pancadas do tempo..."


As palavras transcritas pertencem a António Alçada Baptista. Terminam uma das Peregrinações Interiores, incluídas no livro A Pesca à Linha, de 98. Faz agora dez anos.

Partiu ontem, já não está entre nós, já não vai escrever mais para meu (nosso) deleite.

Conhecendo-o da sua obra, com certeza já se cruzou com todas as personagens que criou nos seus livros, voltou a correr para o colo das avós e das tias, conversa prazenteiramente com Jorge Luis Borges e Jorge Amado, enquanto cantarolam as modinhas de Vinícius, ou ouvem Almada dizer o "Manifesto Anti-Dantas".

Seja como for, ele já pode contemplar O Riso de Deus.

Deixa-nos a sua obra, tão rica, tão cheia.

E nós ficamos outra vez mais pobres.

Adeus, Escritor, até à Eternidade!

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